Nas farmácias e nas lojas de cosméticos há um produto que nunca sai de moda: o creme anti-idade. O objetivo da composição é amenizar rugas, reduzir as linhas de expressão, manter a pele firme e resgatar a aparência jovial que é considerada essencial para mulheres. Algumas marcas apresentam cremes anti-idades que devem ser usados a partir dos 20 anos de idade.
Além desse produto, há a opção de injetar botox no rosto. Com o mesmo objetivo do creme, mas com ação instantânea, o procedimento de aplicar botox é uma das cirurgias estéticas mais realizadas no mundo. Em 2015, foram realizadas quase 5 milhões de aplicações, segundo dados da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética. Cada vez mais cresce o número de mulheres que buscam a aplicação preventiva de botox, na faixa dos 20 aos 30 anos.
O rosto da velhice
Para muitas pessoas, pode parecer que a obsessão pela juventude é um capricho ou um exagero. Os homens, por exemplo, não enfrentam essa questão da mesma forma que as mulheres. Celebridades como George Clooney exibem os cabelos grisalhos no tapete vermelho e são considerados galãs. Mas isso também acontece com as mulheres?
Pense nas propagandas de produtos de beleza e nas mulheres que estão em evidência pela mídia. Todas apresentam uma pele lisa, sem rugas, sem flacidez e sem manchas. Para que uma mulher seja considerada bonita e seja valorizada pela sociedade, ela deve preservar a aparência que tinha aos 20 anos, mesmo que já tenha passado dos 50.
Quantas vezes você já viu o rosto da Jennifer Aniston e pensou que ela continua igual a quando ela integrava o elenco de Friends? Talvez você tenha visto uma foto da Angelina Jolie e ficou se perguntando como ela pode parecer ainda tão jovem se já tem mais de 40 anos. Até mesmo Gisele Bündchen vai deixar a fase dos 30 anos como se o tempo não tivesse passado para ela.
Pensando nessas questões e no quanto a juventude é exigida das mulheres, é compreensível que tantas delas busquem cremes anti-idade e procedimentos estéticos para enganar o tempo. Por mais que esse seja um comportamento normalizado pela sociedade, não é normal querer que as mulheres nunca mudem as próprias aparências.
O que é ageísmo?
O nome do preconceito que impõe a juventude eterna às mulheres e rejeita o envelhecimento é ageísmo. Em 2016, a Organização Mundial da Saúde (OMS) identificou, entre 86 mil pessoas de 57 países, que 60% dessas pessoas apresentaram uma visão negativa sobre o processo de envelhecimento.
Embora o ageísmo seja mais perceptível quando o assunto é a aparência física das mulheres, essa discriminação também atinge o mercado de trabalho e a convivência em sociedade. Em vez de considerarem que as pessoas mais velhas são capazes de realizar diferentes atividades e que têm muito a ensinar para o mundo, excluem essa parte da população por considerá-la inválida, dependente e antiquada.
Em uma agência de publicidade, por exemplo, que precisa de pessoas criativas, antenadas e despojadas, as chances de contratarem alguém que está beirando os 50 anos é muito difícil. Essa diferenciação não é exclusiva do ramo da comunicação, mesmo que a população idosa seja a que mais cresce no Brasil. As pessoas com mais de 60 anos configuram 15% da população brasileira, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Se a medicina avança cada vez mais e se existem meios de prolongar a vida, por que a sociedade continua a construir a imagem de que pessoas idosas não devem ser incluídas no mercado de trabalho e nos conceitos sobre beleza? Envelhecer não é um sinal de depreciação, mas de vitalidade, afinal uma pessoa só chega até a velhice se ela tiver a saúde em dia.
Como combater o ageísmo?
Tendo reconhecido que o ageísmo é um problema na sociedade, é preciso tomar uma atitude para que esse padrão seja rompido. Como combater o ageísmo para que as pessoas idosas continuem integrando a sociedade de forma ativa e participativa?
1) Padrões de beleza
Ao afirmar que as mulheres sofrem mais com a imposição dos padrões de beleza, não fica subentendido que os homens não sofrem pressão estética. Muitos deles podem se sentir preteridos ou com baixa autoestima por estarem envelhecendo e ficando calvos, por exemplo. Mas, sim, a sociedade é mais cruel com as mulheres nesse ponto.
Por isso é que as dicas para combater o ageísmo nos padrões de beleza serão direcionadas para as mulheres. É difícil driblar os estereótipos da sociedade, porque eles são ensinados como certos ao longo de toda a vida. Será um processo lento e doloroso reconhecer que os padrões não condizem com a realidade do mundo, mas o resultado será muito satisfatório.
O primeiro passo para combater o ageísmo nos padrões de beleza é ter certeza de que as pessoas que a mídia exalta não são naturalmente jovens. Elas passam por procedimentos estéticos, têm recursos financeiros e médicos bastante capazes de fazê-las manter o visual que sempre tiveram. Essas mulheres não podem servir como um padrão ou como uma referência, porque a imagem que elas transmitem é fabricada, não natural.
Sendo assim, você deve buscar novas referências de pessoas que têm a sua idade e que não passaram por uma série de procedimentos para parecerem mais jovens. Encontrar inspirações é a forma mais eficiente de acostumar a sua mente a uma imagem de velhice mais compatível com a realidade.
Um exemplo para começar esse processo de desintoxicação dos padrões de beleza é o perfil do Instagram @blogdasu70. Sueli Rodrigues é uma mulher de 70 anos que se classifica como uma influenciadora madura. Ela não tem medo de mostrar seus melhores atributos: alegria, força de vontade, vitalidade, cabelos grisalhos, rugas e uma trajetória de vida encantadora.
O segundo passo para deixar o ageísmo no passado é se admirar. Perceba como o corpo que você tem te acompanhou durante toda a sua vida, armazena suas memórias, suas histórias e é a forma como você sempre esteve no mundo e se mostrou para ele. Passe alguns minutos de frente para o espelho e se dê o direito de se apaixonar pelas suas curvas, pelas suas manchas, pela sua pele e pelos seus cabelos.
Você pode usar hidratantes, perfumes e maquiagem, é claro. Pode até mesmo reproduzir alguns dos estereótipos que sempre foram associados ao seu gênero. Mas é importante que você tenha consciência de que é muito bonita sem tudo isso, simplesmente por ser você. Valorize a sua história e tudo o que você viveu mostrando que, sim, você envelheceu!
O último passo para vencer o ageísmo é mostrar para as pessoas que estão ao seu redor que não há problema em envelhecer. Se você enaltecer e inspirar as suas amigas que estão na faixa dos 60 anos, por exemplo, elas terão mais facilidade para reconhecer que existe beleza no corpo delas. O apoio entre as mulheres é fundamental para combater todos os tipos de padrões de beleza!
2) Mercado de trabalho
No mercado de trabalho, o combate ao ageísmo pode ser um pouco mais difícil, porque não é uma questão que depende exclusivamente da população idosa, mas dos empregadores. Por mais qualificação que uma pessoa com mais de 60 anos tenha, nada garante que ela será recolocada no mercado de trabalho.
Uma opção para voltar ao mercado de trabalho – ou para se manter nele – é o empreendedorismo, caso você tenha condições de fazer isso. Se você sempre teve um hobby que não foi explorado ou se você quer se aventurar em uma atividade, faça isso! Explore habilidades que você não conhecia e, se der certo, tente vender o que você produziu.
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A vantagem de trabalhar por conta própria é que você pode definir a sua rotina e os seus horários, podendo descansar quando estiver com sobrecarga de produtos ou trabalhando mais, quando quiser aproveitar mais os seus dias. Se as vendas não estiverem indo bem ou se você perder o entusiasmo, também pode deixar para lá e escolher novas atividades.
A velhice também é um momento para desenvolver a sua criatividade e as suas habilidades. Aproveite o tempo para descobrir o que está adormecido dentro de você e coloque as suas melhores experiências de vida para fora! Mostre ao mundo tudo que você pode ensinar e se permita aprender coisas novas!