Convivendo

Você tem medo de envelhecer?

Uma imagem que apresenta um esquema dicotômico. À esquerda, a face esquerda jovem e pueril de uma mulher. À direita, a face direita de uma mulher envelhecida.
Master1305 / Shutterstock
Escrito por Priscila Sarmento

Vivemos em um mundo onde parece pecado envelhecer, como se a vida acabasse depois dos 50 anos. Ser velho virou sinônimo de estorvo, incapacidade ou preocupação constante. O fim da beleza, da força, da virilidade e da autoestima.

Quando fiz quarenta anos, passou um filme da minha vida, morri de medo do que estava por vir, me senti velha, mas com atitudes e vontades de uma jovem. Olhava-me no espelho e não via a mulher de 40 que deveria ser. Solteira, sem filhos, embora fosse por opção, não me preocupava com isso, mas com a velhice. Pensava que era a fase da ladeira abaixo, a contagem regressiva para a menopausa, o surgimento de rugas, linhas de expressão, o uso de duzentos cremes e constantes tratamentos estéticos, pois não estava feliz com o que viria. Embora eu ainda escute que não aparento nem de perto minha idade, minha autoestima estava no pé antes mesmo de os 40 chegarem.

Não pensei no tanto de bagagem e aprendizado que a vida me deu e ainda me dá, não me liguei de que estava livre de um monte de convenções e paradigmas que uma mulher tem até chegar a essa fase. Levei uma surra de palavras negativas como: “Vai engordar”, “Nada volta para o lugar”, “Homem só gosta de novinha”, “Você não pode mais isso ou aquilo”… Joguei tudo para o alto e fiz uma festa de 40 anos, me libertei das amarras, fiz o que queria. E, hoje, aos 42 anos, solteira, sem filhos, tenho um blog voltado para as quarentonas, me tornei empreendedora. Ainda tenho receio de envelhecer, não gosto das linhas de expressão que estão surgindo, mas, no momento, só penso em crescer como profissional e como pessoa. O homem certo vai me amar com 42 ou 50 anos, pois ele veio para mim na hora certa com ou sem rugas.

Um casal heterossexual se abraçando.
Mark Hunt de Design Pics Imagery / Canva

A vida é feita de fases, e envelhecer é inevitável, então vamos viver com saúde mental e física, amando, trabalhando, viajando e sendo feliz. Muitas pessoas recomeçam com 40, 50 ou 60 anos. Faz parte da vida, atualmente temos mais idosos do que jovens no país.

Mulheres com mais de 50 anos são modelos, influencers recebendo apoio de filhos e netos. Vamos sair da caixinha e voar, o mundo é muito vasto, cheio de possibilidades. Uma mulher de 60 anos não é mais vista como a vovó do vestido de bolinhas fazendo bolo. Ela sai, namora, é independente.

Confesso que me sinto muito mais bonita e segura aos 42 anos do que quando tinha 32. Sou mais centrada, ponderada, divertida, relaxada, sem amarras, mais mulher. Faço exercício físico, saio com os amigos, fico com a família e, sim, desejo arrumar algumas coisas que já estão me incomodando. A autoestima é fundamental para qualquer pessoa, desde que seja tratada de forma saudável. Pretendo envelhecer bonita, feliz, amando e viajando. Pense você também como gostaria de estar daqui a 30 anos. Foque, pois só você poderá transformar sua vida. Filhos e netos criados, vida seguindo, seja a velhinha animada. Garanto que vai tomar menos remédios e sorrir mais.

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Para o Dr. Estevão Valle, médico geriatra, fundador e diretor da Clínica +60, o segredo para não temer a inevitável passagem dos anos é a coragem para enfrentar as dificuldades que irão surgir da terceira idade. “Não existe um gabarito geral, uma forma única para ser feliz, quando o assunto é qualidade de vida. Cada um vai construir o seu caminho. Não podemos nos furtar ao trabalho que é envelhecer, é preciso se conhecer e saber que não há limites para buscar a felicidade, independente do lugar onde você mora ou da sua condição social”, pontua.

Sobre o autor

Priscila Sarmento

Formada em publicidade pela Escola Técnica de Publicidade e Propaganda — ETEC, em 2000. Superior completo em jornalismo pela Faculdade Candido Mendes — UCAM, em 2005. Pós-graduada em marketing também pela Faculdade Candido Mendes — UCAM, em 2009. Especialização em marketing digital EAD na UCAM, em 2019.

Jornalista na empresa de RH Simetria, assessora de comunicação na Fiocruz — INI, desenvolvimento de cooperado na UNIMED.

Realizei alguns trabalhos com criação de materiais publicitário, diagramação e arte como freelancer.

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