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Volta às aulas: borrachas em questão

Imagem de uma borracha escolar nas cores vermelho e azul.
MasterTux / Pixabay / Canva
Escrito por Nina Veiga

As borrachas são descartadas antes do fim, vítimas da sociedade de consumo. Encontradas esquecidas em gavetas, perdem a eficácia rapidamente, sendo rejeitadas por sujeira ou ressecamento. Precisamos exigir borrachas mais duráveis e métodos para usá-las até o final, garantindo seu real propósito.

Triangulares, quadradas, redondas, bicolores, brancas, verdes, das mais diversas cores. Com capa plástica ou de encaixar no lápis. Quantas borrachas você já teve? Quantas delas você usou até o fim? Usar mesmo, de ficar tão pequenininha que não dá nem para segurar? Quantas? Já sabia… muito poucas. As borrachas são grandes vítimas da sociedade de consumo.

Ineficazes logo nos primeiros tempos de uso, são logo descartadas, abandonadas ou simplesmente jogadas fora. Nessa voltas às aulas, encontrei muitas inutilizadas no fundo das gavetas aqui de casa. Foram quatorze só em uma das escrivaninhas. É uma situação insustentável. Não podemos ficar de braços cruzados, precisamos nos mobilizar e exigir borrachas mais duráveis e eficazes.

Mesmo se quiséssemos, não conseguiríamos. O final é sempre antecipado. Só que raramente chegamos perto do fim. Prova disso é que elas estão lá, no fundo das gavetas.

Vai me dizer que com você também não é assim? Vai querer provar que não existe nem uminha espalhada por algum armário, no fundo de uma mochila, esquecida em uma caixa?

Duvido. Claro que você também as rejeita antes do fim. Ou por estarem sujas, ou ressecadas, ou riscadas de caneta esferográfica. É a lei. Não temos como escapar. A sina das borrachas é deixar de servir precocemente. É assim comigo, deve ser assim com você, com seus amigos e familiares.

Isso que nem comecei a falar daquelas que se perdem. Confesse: quantas borrachas você já perdeu na vida? Se houver um céu para as borrachas esquecidas ou extraviadas, ele deve estar bem cheio. Não há como evitar a superpopulação.

Não podemos continuar assim. Alguma coisa precisa ser feita em favor das nossas borrachas. Esta aposentadoria precoce é inconcebível. Principalmente porque, na maioria das vezes é aposentadoria por invalidez.

Imagem de uma garota usando uma borracha azul e rosa em seu caderno de escola, disposto sobre uma mesa branca de sala de aula.
Africa images / Canva

Precisamos desenvolver um método de utilização das borrachas até o final. Precisamos exigir dos fabricantes maiores estudos sobre o tempo de vida das borrachas.

A maioria delas começa bem, principalmente as mais simples, mas em pouquíssimo tempo, ficam lisas, marcam o papel, ou simplesmente borram.

Onde já se viu uma borracha que, ao invés de limpar, suja? Conheço muita gente que dá banho em borracha. Você não? Mas mesmo com banho semanal, elas têm vida curta. Em pouco tempo se tornam ineficazes.

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O outro lado da questão são as borrachas que vem nos lápis e lapiseiras. Ótimas, não? Pois é, mas acabam muito tempo antes dos lápis e não existem para reposição. Mas esta é uma questão para outro debate.

Por hora, vamos nos concentrar em garantir nosso direito de apagar bem com as tradicionais borrachas avulsas.

Sobre o autor

Nina Veiga

A artemanualista e ativista delicada Nina Veiga é doutora em educação, escritora, conferencista. Sua pesquisa habita o território da casa e suas artes, na perspectiva da antroposofia da imanência. É idealizadora e coordenadora do coletivo Ativismo Delicado e das pós-graduações: Artes-Manuais para Educação, Artes-Manuais para Terapias e Artes-Manuais para o Brincar. Desenvolve trabalhos de formação de artífices e escritores. Suas oficinas associam o saber teórico-conceitual às artes-manuais como modo de existir e à escrita como produção de si e do mundo.

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