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Volta às aulas: quanta régua!

Imagem de uma mão masculina segurando uma régua transparente
Devonyu / Getty Images / Canva
Escrito por Nina Veiga

Ao procurar um grampeador, a autora se depara com uma gaveta cheia de réguas e decide fazer um levantamento delas pela casa. Surpreendentemente, encontra 24 réguas, somando 632 cm. Mesmo sem ser arquiteta ou engenheira, ela reflete sobre o significado desse acúmulo, sem encontrar uma explicação clara.

Abri a gaveta de baixo da escrivaninha para procurar um grampeador e dei de cara com muitas réguas. Fiquei surpresa. O que estariam fazendo tantas réguas reunidas? Então, resolvi fazer um levantamento das réguas que vivem aqui em casa. O resultado foi espantoso.

Quantas réguas vocês têm em casa? Quantas réguas você consegue utilizar ao mesmo tempo?

Não tem ideia do que eu estou falando? Réguas. Na volta às aulas, é um momento propício para pensar em réguas. Você também não se surpreenderia de abrir uma gaveta e encontrar nada menos do que dez – dez – réguas.

A menor com doze centímetros e umas letrinhas vazadas e a maior com numeração dos dois lados e cinquenta centímetros.

Dia desses, já faz tempo, vi uma régua quebrada, lascada numa das pontas, foi a primeira em anos. Portanto, não seria este o motivo de ter uma gaveta de réguas.

Não sou engenheira, nem arquiteta, matemática ou qualquer outra profissão que exija a exatidão de reta. Como artista abstrata, busco sempre a curva, o torto, o desvio.

Então, por que tanta régua? Acha que dez é muito? Pois vou parar um pouco e dar um giro pela casa para verificar quantas outras estão espalhadas.

Voltei. Uma busca superficial pela casa e, pasmem: mais 14 réguas encontradas. Quatorze! Tem base, não: vinte e quatro réguas em uma casa com dois adultos e uma criança pequena.

Ah… e adivinha: além de dar uma busca pela casa, ainda saí com a calculadora em punho somando os centímetros encontrados. Acreditem, fiz isso. Vocês estão achando que passo por uma crise de nexo?

Imagem da mão de uma mulher alfaite segurando uma grande régua de madeira e ao lado uma tesoura para corte de tecido.
Vladeep / Canva

Imaginem a cena: uma pessoa, às onze da noite, andando pela casa, calculadora em punho, fazendo um levantamento da centimetragem de suas réguas. É o que os teóricos chamam de tremenda perda de tempo.

Mas vamos aos resultados: as 24 réguas somaram 632 centímetros. Isso mesmo. Seis metros e trinta e dois centímetros.

Se considerarmos a régua de quinze centímetros que quebrou a pontinha, posso considerar que, até o mês passado ou depois, ou antes, viviam aqui em casa vinte e cinco réguas que, somadas, davam quase sete metros de plástico retilíneo.

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Os mais crédulos dizem que não existe nada em nossas vidas sem significado, mas confesso que fico com preguiça só de pensar no que pode significar este estoque infundado de metros.

Uma última constatação: réguas não são fotogênicas.

Sobre o autor

Nina Veiga

A artemanualista e ativista delicada Nina Veiga é doutora em educação, escritora, conferencista. Sua pesquisa habita o território da casa e suas artes, na perspectiva da antroposofia da imanência. É idealizadora e coordenadora do coletivo Ativismo Delicado e das pós-graduações: Artes-Manuais para Educação, Artes-Manuais para Terapias e Artes-Manuais para o Brincar. Desenvolve trabalhos de formação de artífices e escritores. Suas oficinas associam o saber teórico-conceitual às artes-manuais como modo de existir e à escrita como produção de si e do mundo.

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