Eu estava observando as pessoas na rua um dia desses. Um trânsito caótico, pessoas andando para cima e para baixo, como se o mundo fosse acabar amanhã. Máscaras que já não ficam direito no rosto (nariz e queixo são as favoritas) e uma cara de gente perdida que dá dó.
Igual, igualzinho ao que eu vinha antes de março de 2019.
A questão é: quem aprendeu alguma coisa com a pandemia (que, na realidade, ainda não acabou)? Andamos por aí fingindo sermos normais, mas cansados e exaustos, então parece que só adiamos e pioramos o inevitável. Como assim?
Energeticamente, a pandemia — o vírus em si — veio para trazer uma mudança. Mas é bem fácil voltar ao que nos parecia tão confortável antes. Será que precisamos mesmo de tudo o que achamos que precisamos? Noto uma queda nas consultas terapêuticas semanais. As pessoas faltam por causa de compromissos sociais ou porque se enrolaram no trabalho. Igual a antes. Será que, novamente, vamos deixar nossos selfies pelos egos? E será que isso não vai trazer um novo momento de desconforto no futuro? Sim, com certeza vai.
Conheço pessoas que mudaram, sim, tudo isso. Mudaram, inclusive, depois de contrair a doença ou de perder pessoas importantes. Mas a maioria passou mais pelo incômodo de ficar em casa — que, para mim, não foi incômodo nenhum, aliás. E só. Parece que não estamos resgatando a lição que precisamos a duras penas aprender. Que não precisamos de mais coisas, viagens, casas e luxos; precisamos de mais amizades, amor, de cuidar do planeta.
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Falo de um ponto de vista pessimista, eu sei. Mas é mais por um alerta. Relembrem quais foram as situações que fizeram você repensar na pandemia. Você realmente viveu ou só fez um milhão de cursos e quilos de pão que nunca mais vai usar? Aproveite para entender o que mudou dentro de você e resista à tentação de voltar ao velho normal. Pense para dentro, pense nas coisas que realmente importam. Vamos mudar de verdade, de dentro para fora. Agora é mesmo a hora.