Recebi uma crítica em um texto meu. Um e-mail até que carinhoso, dizendo que eu parecia carente na minha colocação e que eu não poderia ensinar as mulheres a serem deusas já que eu me sentia carente. Foi um texto escrito no começo da pandemia, em que eu vi que eu, e muitas mulheres, tínhamos medo de ficar longe do namorado e disso esfriar a relação. Escrevi porque era o que eu estava sentindo e era o que eu estava vendo acontecer a meu redor.
Não tenho problemas com críticas, acho que são legais e nos mostram coisas sobre nós mesmos. E a minha reflexão foi mais porque, naquele texto, mostrei uma vulnerabilidade, uma fraqueza ou como queiram chamar, principalmente porque mostrei a vulnerabilidade relacionada ao ato de amar.
Brene Brown fala sobre isso no seu incensado TED talk “O poder da vulnerabilidade” e, confesso, a fala dela mudou a minha percepção de mundo em muitos sentidos. Ela fala que estamos aqui por conexões humanas, que é isso que nos dá o real propósito e sentido. Que a vergonha é justamente o medo de perder essas conexões, e que isso nos coloca numa situação de vulnerabilidade. Precisamos ser vistos e isso nos deixa vulneráveis.
Já fui altamente criticada por me expor demais, principalmente aquelas partes minhas que são mais “feias”. E, sinto muito, mas vou continuar a fazer isso. Sei quais são os meus demônios e não tenho problema nenhum em falar sobre eles. E estar assim, exposta, é um ato de coragem muito, muito grande e eu sei disso. E sei também que nem tudo mundo tem isso.
Conheço pessoas ótimas, com grandes inteligências, com muitas capacidades, que simplesmente não conseguem acreditar nelas mesmas. Que acham que precisam mesmo se esconder atrás de alguma coisa, seja um parceiro – essa foi uma das frases da crítica – ou nos pais, ou no passado (isso é bem comum). Pessoas que se escondem criticando outras pessoas – eu mesma já fiz muito isso – só para desviar o assunto. E sei, gente, sei mesmo, que é muito difícil encarar o mundo e dizer “eu sinto falta do meu namorado no meio de algo que parece muito pior”.
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E, sim, eu cometo erros. Erros que me fazem sentir vergonha. Erros que me fazem voltar atrás. Prometo coisas nos meus Stories no Instagram que eu não cumpro – como seguir uma rotina de exercícios. Erro previsões com clientes, falo bobagens, devolvo o CRP, pego ele de volta e quero devolver de novo. Gasto mais do que eu ganho, não sei cobrar pelo meu trabalho e não gosto de ver meu rosto de 44 anos caindo na direção do centro da Terra. Choro. Tenho crises de pânico às vezes, não quero ouvir os problemas do outro em casa, esqueço de dar parabéns no aniversário dos meus amigos e como muito carboidrato. Muitos doces, muitos mesmos. Mas e daí?
O que nos faz humanos são as nossas vulnerabilidades. Usar máscaras se fazendo de forte é só uma maneira que o nosso ego encontra de desviar o assunto. Ele – o ego – nos enche de mecanismos de defesa. E a defesa é contra quem? Pois é, contra ele mesmo e contra o mundo. Um grande outro – como dizia o psicólogo Lacan – para o qual precisamos justificar cada ato das nossas vidas. Eu entendo muito pouco de Lacan e não vou me aprofundar, mas esse é um conceito que levo para a vida.
Quais são as suas vulnerabilidades? Do que você sente medo? O que eu não posso mostrar para os outros? Eu sinto informar, mas uma parte importante de ter uma vida de deusa é justamente essa: mostrar sua vulnerabilidade. Quem, senão uma deusa de verdade, ousa se expor? Quem, senão alguém que está muito bem consigo mesmo, pode dizer “hei, eu não isto isso o tempo todo, e tudo bem”? Permitir ser vulnerável vai te trazer o amor real. O amor por um parceiro ou parceira, o amor pelo seu trabalho, o amor pela humanidade. Lembre-se do seu tamanho perante o Universo e entenda “a vida sempre ganha e sempre vai tirar o melhor de você”.
Gratidão pela crítica e pelas fichas que ela me fez ter
Ted talk da Brene Brown