Falar sobre as mães é uma honra e privilégio, porém, ao mesmo tempo, difícil e desafiador.
Yin e Yang, a princípio, são conceitos simples: direita e esquerda, alto e baixo, quente e frio, positivo e negativo, etc… ou seja, duas referências antagônicas que se completam. Infelizmente, esta visão não arranha nem a superfície dos conceitos implícitos desta teoria.
E por que estou falando sobre Yin e Yang em um texto sobre as mães?
Yin e Yang a partir da Cosmogonia de Lao Zi
Lao Zi é o nome mítico do autor do Dao De Jing – “O Clássico do Caminho da Virtude” (conhecido no ocidente como Tao Te Ching).
Lembro-me da primeira vez que tive contato com este livro. Coincidência ou não, li a primeira passagem do capítulo 42: “O Dao gerou o um, o um gerou o dois, o dois gerou o três, o três gerou os 10.000 seres”. Ao ler essas palavras, nada mais havia em minha mente além de confusão.
Após vários anos, tive contato com uma maravilhosa obra que abriu os meus olhos em relação a este conceito.
O Dao é a “não-manifestação”, o caos primordial. Nada é manifesto e nem diferenciado.
A partir da “não-manifestação” é gerado a primeira manifestação, o UM. E a partir do UM, é gerado o dois, duas forças opostas e complementares, o YIN e o YANG. O Yin denso e pesado gera a terra e o Yang leve e dinâmico gera o céu.
Porém, as duas forças separadas, Yin e Yang, ainda não constituem o universo completamente manifestado. Apenas a interação e troca entre as duas forças geram a manifestação completa, o TRÊS, o Tai Ji (representado pelo símbolo do Yin e Yang). E a partir desta união, a manifestação do todo (10.000 seres) está completa.
Meu paralelo entre a Cosmogonia do Lao Zi e as mães
O útero (conhecido como o “Palácio da Criança” pela Medicina Chinesa) inicialmente é vazio e uma vez por mês é gerado a primeira manifestação, o UM, o óvulo.
Você também pode gostar:
Na união do DOIS, o óvulo de natureza Yin e o espermatozoide de natureza Yang, é gerado o TRÊS, a fusão do Yin e Yang, o óvulo fecundado. E a partir desta união, a manifestação de um novo ser está completa.
Não é à toa que o Dao possui uma essência feminina, conhecido como “A mãe do mundo”.
Então, o que é mãe? Para mim, a mãe é uma síntese do universo, o ser que carrega dentro de si as trocas e transformações de duas forças extremamente poderosas, o Yin e o Yang. A matriz geradora que cria e nutre novos universos e depois os soltam, para dar início a um novo ciclo de criação.
Existe algo mais sagrado? Sinceramente, eu duvido!