O feminino (yin, lua, sombras) e masculino (yang, sol, luz)… Calma, não estou falando de sexo biológico ou de gênero, estou falando de pontos importantes que todos nós temos: Lado luz, lado sombra, yin (energia feminina) e yang (energia masculina).
Esse artigo não é para discutir a questão de gênero e sexo biológico, é sobre energia, que faz parte da construção do ser humano.
Peço que considere esse termo “energia masculina” e “energia feminina” apenas como uma nomenclatura, excluindo as ideias do senso comum sobre os papéis de gênero que conhecemos, pois não tem nada a ver. Tanto que todo mundo possui energia masculina e feminina, yin e yang.
Calma, eu sei que esse tipo de assunto dá uma confusão em nossas mentes, mas vou explicar de uma forma simples neste artigo.
Esse conceito vem do oriente e diz que o mundo e os seres humanos são regidos por energias de dois polos diferentes. Ou seja, há uma dualidade que rege o universo, como se fosse dois opostos que devem estar em equilíbrio. Ou seja, para que exista luz, é necessário que exista sombras.
Não tem nada a ver com o conceito de Maquiavel, de “certo” e “errado”, “mal” e “bem”, associado a luz e sombras, o que é bem relativo, vai de acordo com cada construção de cada grupo.
Existe uma confusão muito grande sobre o conceito de luz e sombras, pois esse conceito é amplamente associado a uma ideia muito preconceituosa que felizmente já está sendo colocada em questionamento.
Não se trata necessariamente dessa ideia simplória de “luz” versus “sombras”, é muito mais do que isso.
Yin e yang são energias opostas que coexistem entre si harmonicamente. Fala-se sobre uma expectativa de padrão. Cada pessoa tem o seu padrão de comportamento, que é quando ela está na potência de seu temperamento primário, que deve regê-la, ou seja, em equilíbrio. Mas quando há um desequilíbrio, passa da potência para a prepotência ou impotência de seu temperamento. Quer dizer que ou estão em excesso ou em falta as características desse temperamento, ou seja, entram em desequilíbrio, bagunça toda a vida da pessoa.
Por exemplo, se estou em uma reunião, tenho que mostrar confiança e persuasão para expressar as minhas ideias, então tenho que ativar meu yang, minha energia masculina, de ação, execução, de doação para eu ser bem-sucedida em meus objetivos. Essa energia é mais agressiva, mais ativa e sedutora. Sim, a sedução é uma arma não apenas para conquistar alguém emocional e sexualmente, mas também uma arma para conquistar clientes, se você tem um negócio, algo que tenha que vender, ou se, no caso, você trabalhe com arte, assim como eu, e tenha que vender a sua imagem com verdade e transparência. Quando ativa o yang, você apela para a objetividade, para a racionalidade, o pensamento mais lógico.
Agora, quando tenho que ser mais observadora, ouvinte e me submeter a algo ou a alguém, tenho que ativar o meu yin, minha energia feminina, de receptividade para aquela situação. Por exemplo, quando estou em uma reunião e preciso escutar ideias, ou em alguma conversa com algum amigo ou colega. Essa é uma energia também de criatividade, emocional, importante para ideias novas, não somente se você trabalha na área da arte e da cultura.
Enfim, esse é um assunto para o meu workshop que será lançado em breve.
O yin também é sobre delicadeza, doçura, sensibilidade, espiritualidade e intuição, por ser sobre sombras, o que está mais oculto, profundo.
Compreendem que a questão do yin (feminino) e yang (masculino) é mais energética sobre polos opostos que regem a sociedade? Que não existe um melhor ou pior, os dois se complementam?
Essa é a formação do equilíbrio do universo, não existe um sem o outro. Sim, tenho que bater novamente nessa tecla, porque é o segredo da vida, uma vida plena. Todos nós temos luzes e sombras e viver harmonicamente é reconhecer essa dualidade que existe dentro de nós. Se ignoramos ou negamos um, é como se estivéssemos matando a nós mesmos.
Todos temos esses dois tipos de energias e elas funcionam muito melhor quando bem alinhadas. O desalinhamento pode trazer consequências bem sérias para as nossas vidas. Seja no emocional e psicológico que podem somatizar em doenças físicas.
Muitos pensam que equilíbrio e harmonia é só luz, paz e amor na vida, até mesmo muitos espiritualistas pregam isso. Tem até os que interpretam de forma errônea o que Buda fala sobre equilíbrio e o caminho do meio. Falei sobre isso em um artigo meu mais antigo, dessa cobrança para sermos perfeitos, e até em minhas redes sociais, tudo tem que ser perfeito, queremos ter controle de tudo e de todos, o mundo tem que estar na palma das nossas mãos, tudo tem que estar no lugar…
Mas não é assim que a vida é e Buda sabia bem disso. Ele diz sobre se conhecer e reconhecer as luzes e as sombras que existem dentro de nós, saber trabalhá-las para que fiquem em harmonia e equilíbrio. Um não exclui o outro. Eu só reconheço o que há de luz em mim, por reconhecer o que são sombras em mim.
Uma vez a venerável Roshi Coen e o professor Mario Sergio Cortella, em um evento em uma livraria para o lançamento de um livro escrito em conjunto chamado “Nem anjos nem demônios: A humana escolha entre virtudes e vícios”. Nesse bate-papo, houve uma discussão muito profunda sobre a dualidade humana que me fez refletir bastante. O que nos faz querer fazer o certo? O que nos faz querer ser a melhor versão de nós mesmos a cada dia? Por termos cometido muitos erros na vida, por percebermos que a forma a qual levávamos não está mais fazendo sentido. Reconhecemos a paz por termos turbulências em nós, reconhecemos o amor por termos a ira dentro de nós. Essa ira que é um estalo para que não fiquemos acomodados, é essa ira que nos faz querer “virar a mesa” e falar “Chega, se eu continuar com a minha vida dessa mesma forma, ela não vai se movimentar e vou ficar estagnado”.
E é assim que começamos o processo do despertar, de conquistar o estado de nibbana (da contemplação, da iluminação). Não é um caminho gostoso, agradável. É desconfortável, muito doloroso.
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Toda mudança causa um incômodo, pois nos tira da zona de conforto. Quando se fala em yin e yang, não é sobre bem ou mal. O bem é o equilíbrio entre luz e sombras, o mal seria o desequilíbrio desses dois opostos.
Um não exclui o outro, e já vi blogs falarem que essa interpretação yang (energia masculina) e yin (energia feminina), que as pessoas geralmente fazem, é muito agressiva e realmente dá brechas para ideias extremistas e preconceituosas, que a sociedade criou e assim associando ao conceito de luz e sombras, yin e yang.
Gratidão a quem leu este artigo!